quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

Caminho Incerto

A vida é engraçada. Ontem mesmo, eu era apenas um garoto que recém começava o ensino médio, pensando em que fazer na vida. Engenheiro, arquiteto, jornalista, biológo, publicitário, cientista social. Pois bem, hoje eu espero pelo dia pra me matricular na universidade. Estudante de direito.
Aí, eu olho para trás, e sinto tanta falta da escola, daquelas bobeirinhas, daquele mundinho tão peculiar, das intriguinhas que pareciam tão importantes e que hoje são tão estúpidas, das preocupações tão gigantes que agora são tão simples de resolver, dos professores chatos que hoje são os maiores orgulhos e que dão tantas saudades.
É tão estranho quando estamos mais novos, e que nos dizem: Esses amigos que você tem, nem todos vão se manter, essa vida que você leva agora, é só mais um ciclo. Naquele momento, parece que tudo vai durar para sempre, daquele jeito ali. Talvez uma ilusão criada para nós não sentirmos a dor da perda muito cedo. Mas esse dia chega, e ter que esperar pelo novo, pelo desconhecido, é tão ruim.
Sempre nos dizem que devemos abrir portas, mas abrí-las é tão difícil. Às vezes, nós até esperamos que elas não abram, que emperrem, para não termos que enfrentar o que há lá dentro. Mas ela se abre, e quando entramos, ela se fecha para nunca mais abrir.
Não há como voltar atrás, há somente como seguir em frente, ou estagnar. Mas eu escolho seguir em frente, e, mesmo com medo e com saudade, encarar de frente o que vier ao meu encontro.

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

Reviravolta com R Maiúsculo

Às vezes a vida nos prega peças. Coloca pessoas nas nossas vidas, que nos fazem conhecer outras pessoas que se tornam muito importantes. Porém, as primeiras pessoas não saem da nossa cabeça tão facilmente. E é com a cabeça nessa primeira pessoa, e juntando fragmentos e excertos que rememoram a sua existência, que lhes apresento a compilação de idéias, a visão alternativa a seguir.

Já dizia a Morte, no livro A Menina que Roubava Livros, de Markus Zusak: “As pessoas só observam as cores do dia no começo e no fim, mas, para mim, está muito claro que o dia se funde através de uma multidão de matizes e entonações, a cada momento que passa. Uma só hora pode consistir em milhares de cores diferentes. Amarelos céros, azuis borrifados de nuvens. Escuridões enevoadas. Por isso, faço questão de notá-los”, e eu devo dizer que concordo plenamente com ela. Devemos prestar atenção a cada momento de nossas vidas, a cada pequeno detalhe que passa perante nossos olhos. Cada pequeno acontecimento faz parte da nossa história, e pode ajudar a construir nosso futuro, a alcançarmos o que desejamos.
O êxito consiste em alcançar o que se deseja; a felicidade, em desejar o que se alcança, por isso, não podemos deixar nada passar em branco. Inclusive o que nos parece inalcançável, inatingível. Tudo o que nós queremos fica muito mais perto, mesmo muito distante, quando lutamos por elas com afinco. Apesar de que, é claro, alguns de nós as vezes ultrapassamos certos limites para conseguir o que queremos, as vezes até afirmando: “Meu caso é raro, é incomum, desconhecido, mas... sem mal algum”, e estes se recusam a parar, mesmo quando sabem que já deveriam ter parado a muito tempo, apesar de que, embora este conceito não mude, espero que vocês não os julguem, porque eu jamais julgaria alguém totalmente. Não nos cabe isto.
Talvez, quem sabe, um dia, com toda essa extravagância planejada, eles consigam o que querem, apesar de eu acreditar que os pequenos atos são melhores que todos aqueles grandes que se planejam, que viver notando cada parte do ambiente e seguir o seu movimento para chegar a um fim melhor seja a real forma de se conquistar.
Não se deixe levar pelo que os outros dizem, não faça o que os outros querem, não seja infeliz para ver o sorriso do outro. O importante na vida é evitar a inveja, não querer o mal dos outros, superar a ignorância e construir a confiança. É o que você diz e o significado de suas palavras. É gostar das pessoas pelo que elas são e não pelo que elas têm. Acima de tudo, é escolher usar sua vida para tocar a vida de outra pessoa de um jeito que a fará mais feliz.

P.S.:Obrigado por tudo, agradeço pela sua existência, e por tudo que me proporcionou, incluindo toda a dor que me ensinou a ser alguém assim, como você. E apenas um vídeo, apenas uma música, mas que talvez relembre muitas coisas.


P.P.S.: Licença para Casar, assistam e lembrem-se de mim. E eu prometo que é a última vez que eu dei uma de patético neste blog.

domingo, 3 de fevereiro de 2008

Dor Bilateral

'Carta enviada de uma mãe para outra mãe em SP, após noticiário na tv:
De mãe para mãe...
'Hoje vi seu enérgico protesto diante das câmeras de televisão contra a transferência do seu filho, menor infrator, das dependências da FEBEM em São Paulo para outra dependência da FEBEM no interior do Estado. Vi você se queixando da distância que agora a separa do seu filho, das dificuldades e das despesas que passou a ter para visitá-lo, bem como de outros inconvenientes decorrentes daquela transferência. Vi também toda a cobertura que a mídia deu para o fato, assim como vi que não só você, mas igualmente outras mães na mesma situação, contam com o apoio de comissões, pastorais, órgãos e entidades de defesa de direitos humanos. Eu também sou mãe e, assim, bem posso compreender o seu protesto. Quero com ele fazer coro. Enorme é a distância que me separa do meu filho. Trabalhando e ganhando pouco, idênticas são as dificuldades e as despesas que tenho para visitá-lo. Com muito sacrifício, só posso fazê-lo aos domingos porque labuto, inclusive aos sábados, para auxiliar no sustento e educação do resto da família. Felizmente conto com o meu inseparável companheiro, que desempenha, para mim, importante papel de amigo e conselheiro espiritual. Se você ainda não sabe, sou a mãe daquele jovem que o seu filho matou estupidamente num assalto a uma videolocadora, onde ele, meu filho, trabalhava durante o dia para pagar os estudos à noite. No próximo domingo, quando você estiver abraçando, beijando e fazendo carícias no seu filho, eu estarei visitando o meu e depositando flores no seu humilde túmulo, num cemitério da periferia de São Paulo... Ah! Ia me esquecendo: e também ganhando pouco e sustentando a casa, pode ficar tranqüila, viu? Que eu estarei pagando de novo, o colchão que seu querido filho queimou lá na última rebelião da Febem.'

Com certeza a primeira reação que muitos teriam ao ver a mãe do preso, com certeza teriam pena, diriam que é desumano separarem ela do filho, da proximidade para que ela posso visitá-lo. Realmente, nós nunca pensamos no que ele causou para estar lá.
Claro que existem casos em que inocentes são postos na cadeia, por ineficiência do trabalho jurídico brasileiro, ou parar livrar alguém de influencia (ou com capital alto suficiente para pagar pela sua inocencia), mas as vezes, realmente está lá um culpado, e mesmo assim, para culpar o governo por falta de humanidade, mostra apenas a mãe que sofrerá com a distancia do filho encarcerado, e levados pelas imagens mostradas pela tv, pensamos e tiramos as mesmas conclusões.
A mídia nunca vai mostrar a dor da mãe que perdeu o filho, da familia que perdeu um ente querido. Isso não vai dar audiencia, não existe motivo em criticar alguém que já está encarcerado, o governo não vai poder trazer ele de volta a vida, e nem vai pagar a emissora para abafar o caso.
A sociedade de hoje em dia quer as informações mastigadas, sem pensar em todo o contexto. O mundo quer avançar, mas está apenas retrocedendo.