sexta-feira, 4 de junho de 2010

Rios de Sangue; Ou os sinais escondidos atrás dos olhos

Era como ver tudo por cima. Nâo como se estivesse sobrevoando, mas como se estivesse de joelhos sobre um teto de vidro, sobre um grande aquário.
Era um lugar qualquer, uma praia, um deserto, um campo, impossível de definir o que aquele solo negro e destruído representava. Só o que se podia saber era que se via ali um lugar em ruínas.
Então, surgiram as pessoas. Vindo pela direita daquele cenário apocalíptico, estavam pessoas aparentemente comuns, maltrapilhos, sujos, acabados, e todos com uma expressão comum no rosto: cansaço e desespero. Não andavam, se arrastavam, alguns caíam e se levantavam, sozinhos. Ninguém se falava, ninguém se ajudava. Apenas seguiam em frente. Seguem em frente, até que param, todos ao mesmo tempo, olhando fixamente para o lado oposto.
Do outro lado, vinham pessoas todas vestidas de preto, com armas apontadas para a frente. Caminhavam eretos, e seus passos eram ritmados, fortes, parecendo ensaiados, e seguiam em frente, indo contra a população de desolados que estava ali, estática.
A menos de 2 metros do grupo, os homens de preto começaram a atirar. Um assassinato em massa, tiros à queimarroupa, sem escrúpulos, sem medo.
E ali em cima, apenas como espectador, ele não sabia quem eram aquelas pessoas, mas de uma coisa ele tinha certeza, ele sentia em cada pedaço de seu corpo: ali havia uma destruição em massa de vidas inocentes. Ele gritava, batia no vidro embaixo de seu corpo, e tudo que podia fazer era ver as balas sendo disparadas e o sangue daqueles pobres seres sendo derramado, e quando sua garganta ficou tão seca de tanto gritar, ele acordou, mais uma vez.
Já não era o primeiro pesadelo, tantos outros haviam ido e vindo nesses dias em que ele não mais dormia a noite, apenas cochilava para ver situações ruins, estranhas, e que o faziam novamente acordar. Não havia sentido em nada daquilo que ele via a tantos dias, em tantos sonhos. Mas de uma coisa ele tinha certeza, algo estranho estava por vir, e uma certeza, tão forte quanto a inocência daqueles maltrapilhos, lhe dizia que não era algo bom.

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