quinta-feira, 11 de abril de 2013

Toque Dela

Eu reconheço o toque dela. Ele é tímido, inocente. Me toca a pele, ponta dos dedos. Pouco me encosta, temerosa. Me segura a mão em raras vezes. Me toca com o olhar, que sorri, singelo. Me acaricia o cabelo, de leve, causando um sono suave.
Eu reconheço o toque dela. Ele é carinhoso, amoroso. Me segura forte a mão enquanto andamos. Me abraça, muito forte, e me beija, desbravando, lentamente, cada centímetro de minha boca. Me sorri, enorme, e me diz sobre o amor que a faço sentir. Toque suave, de suas doces palavras.

Eu reconheço o toque dela. Me toca, trêmula, e chora de emoção. Me permite enxugar-lhe a face com beijos carinhosos, enquanto repete incessantemente que sim, sim, ela tem certeza. Me abraça forte, e encosta a cabeça em meu ombro. Me tocam próximos, seus seios. E em seu peito, sinto o coração acelerado.
Eu reconheço o toque dela. Me tira a roupa, e despe-se. Me permite beijar-lhe o corpo, e tocar-lhe. Toca-me com cuidado, com cautela, com carinho. Rende-se aos meus braços, e geme baixinho, mordendo-me a orelha, e entrega-se, apaixonada, sem hesitar.
Eu reconheço o toque dela. Pendura-se em meu pescoço, e ri, eufórica. Pega em minha mão, e pede para que eu abra a maçaneta junto com ela. Me puxa, e diz quais seus planos para cada cômodo da casa, sonhadora. Dispões os móveis, a seu gosto, e me pergunta, animada, se está bom para mim. Está bom para mim.
Eu reconheço o toque dela. Me beija selvagem. O corpo todo. Morde minhas coxas, e puxa-me os pelos do peito. Arranha minhas costas, e dirige minha boca até seus seios. Geme alto, grita, e me diz obscenidades. Entrega-me seu corpo, e abusa do meu.
Eu reconheço o toque dela. Me beija pela manhã, e, juntos, preparamos o café. Senta-se em meu colo, e me leva o pão à boca, brincando como com um neném. Me pega e, sorrindo, com um sorriso de segundas intenções, me chama para o banho, e desvenda-me o corpo sob o chuveiro. À noite, cansada, me chama para deitar, e repousa sua cabeça em meu peito. Sua respiração, suave, acaricia-me o pescoço.
Eu desconheço o tque dela. Me encosta os lábios com os dedos, e afasta-me o beijo. Desvencilha-se de meus braços, e tira minha mão de suas coxas. E suas palavras, nada me dizem. Me dizem, nada. Não é nada.
Eu desconheço o toque dela. Me esbofeteia a face. Grita, e ataca meus ouvidos. Perfuram-me como flecha, a hostilidade das palavras dela. Debate-se em meus braços, soca-me o tórax, e crava as unhas em meus braços, tirando-me sangue. Tirando-me as forças. Pisa-me os pés, e tranca-se em nosso quarto. Toca-me o chão frio, e o silêncio.
Eu quase esqueço o toque dela. Me beija a face pela manhã, e senta-se ao meu lado. Toma seu café em silêncio, e sai para o seu trabalho. Pega em minha mão quando saímos apenas quando quer ser guiada. Ou, para mostrar para os outros que está tudo bem. Me dá um beijo de boa noite, e dorme. Cabeça no travesseiro.
Eu quase esqueço o toque dela. Não beija-me pela manhã, e senta-se do lado oposto da mesa para o café. Banha-se só, e prefere que eu não a veja nua. Não me acompanha em todos os passeios. Pouco me sorri. Cumprimenta-me distante. Minha pele guarda apenas as lembranças da textura da sua.
Eu reconheço o toque dela. Me beija a boca. Em segredo.

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