quinta-feira, 25 de junho de 2015

A Validade da Existência

Existem coisas que não sei explicar. Essa falta de toques que desconheço, a saudade do cheiro que nunca senti, o desejo de sabores que nunca provei. Estar orbitando nessa realidade que criamos em torno de nós dois, e de nossos versos esporádicos, e que ao mesmo tempo me confunde e me espanta, me mantem seguro em um cosmos puro e suave.
Por quantos reinos passaremos até a tua vida encontrar com a minha? Por quantos castelos viajaremos em sonhos e devaneios, até que você bata na minha porta e me peça pra entrar, uma xícara de café, uma toalha para um bom banho, um cantinho na minha cama e um abraço de boa noite?
Às vezes, reprimo sentimentos e sensações, pois sei que eu não devo - e nem tenho o direito - de tê-los. Sinto ciúmes das trocas de palavras carinhosas e afetuosas que tens, publicamente, vez ou outra. Das pessoas que desconheço, dos nomes que nunca ouvi falar, de quem são e o que significam na ordem do teu dia. Sinto inveja dos teus colegas de trabalho, dos teus sapatos incômodos, da tua xícara de café, da chave do teu carro na ignição. Porém, por entender a virtualidade de tudo que represento, mantenho para mim todas estas verdades. As engulo, com todos os espinhos, e espero que, de alguma forma, consiga digerir tudo isso.
Não consigo entender o porquê de me importar tanto. Me importar tanto por algo que é tão desconhecido e tão distante de mim, tão intocável e tão sem forma, como a tua existência. Não sei muito sobre ti. Os teus detalhes, as tuas verdades, os teus gostos. Teu temperamento em dias ruins, tuas reações em dias felizes, como acordas, como dormes, como és. Tenho tido contato, apenas, com os teus floreios em relação a mim, a nós dois, e ao que tudo isso representa. Tua doçura e tua gentileza para comigo. Tenho tido contato, também, com os teus silêncios, que me doem, me incomodam, e me afligem. Mas, com o que tu és, eu pouco tenho. Eu pouco sei. Eu pouco entendo. 
Portanto, gostaria de te pedir pra entrar. Pra tomar um café. Pra ficar um pouco mais. Pra trocar algumas palavras, pra ser menos que um personagem dos meus desejos, e um pouco mais você. Pra eu poder, então, me sentir seguro em dizer que eu quero, sim, que você fique. Que eu quero sim, que você esteja aqui. Que eu quero me perder por inteiro, e me proteger nos teus braços que passarão, então, a serem bem mais reais.

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