quarta-feira, 3 de junho de 2015

Ao Brilhar

Se não é o seu sorriso, simplesmente não é. 
Não há luzes na avenida, não há foco nesse farol. Se o brilho não é o seu, simplesmente não é.
Que o universo conspire, que ele exploda e recomece, e nessa imensa supernova, o teu sorriso se refaça.
Se refaça em outros corpos, outras bocas, outros dentes. Outros olhos, outras peles. Que teu sorriso se multiplique, se traduza em novas flores, novos rios. Novas estrelas, um novo cosmos.
Uma galáxia toda inspirada em teus dentes grandes e alinhados. 
Pois se não é a tua luz que brilha acima de todas as outras no meu caminho, eu não sei de onde vem.
Tenho andado cego todas as vezes em que eu tentei desligar o teu interruptor. Tateando no escuro, encostando em paredes sujas, cheias de musgo, e de coisas asquerosas. 
Encontrando cômodos proibidos, situações desconhecidas e não amistosas, olhos sem pálpebra e sem vida, dúvidas e mentiras projetadas, cordões pendurados no teto, que batem em minha cabeça e eu não consigo desviar.
Quando a tua luz se faz, tudo parece mais claro. Evito os corpos estranhos, evito as verdades incertas, as saudades imensuráveis, as dores infindáveis. Ao virar a esquina e ver o teu rosto, e quando sorri, eu sei que a luz que me guia tem de ser a sua. 
Mesmo que seja só a memória dela. Aprendi, em todos os caminhos cegos que fiz quando tentei, à todo custo, fechar os olhos para sua existência em minha vida, que tentar te deixar partir é o mesmo que tentar viver vendado. Tentar apagar quem você é, e o que você representa, é o mesmo que estar sem rumo. 
Portanto, tiro as vendas, abro os olhos, e me permito que você sempre seja. Sempre esteja. Mesmo que nos mais doces relatos, que conto para mim mesmo quando recordo dos momentos em que você esteve presente. Quando você estava aqui, e, neste mundo cheio de despedidas, você me abriu as portas e me disse: olá.

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