Será que é justo que enquanto a vida passa, eu seja apenas a platéia do ato que eu queria ser o protagonista?
Será que é certo eu ser levado a esperar pela esperança de que esperar é a única forma de ver o que eu quero acontecer?
Uma ferida que eu já vi quase fechar, mas que insiste em aparecer e me mostrar que sim, está viva, e ainda sangra, me cortando profundamente mais uma vez e me mostrando que sim, vai permanecer ali até que eu a cubra.
A cubra... tantas vezes eu já tentei cobrir, já senti que seriam formas de esquecer e seguir feliz, que eu lutaria para seguir esquecendo a dor que já passou.
Mas, com erros que não foram meus, eu sei, eu devo dizer, com coisas que não são de minha culpa, eu perdia... perdia essas chances, e a ferida, exatamente nesse momento de perda, volta a sangrar, volta a expelir seu sangue tão dolorido e tão... tão especial para mim, que eu tanto amo no momento em que ele aquece a minha pele, mas depois ele seca e congela tudo que fez.
E eu sei que ele congela, mas eu não me preocupo, porque enquanto ele corre ele é meu, só meu! E que se importa o depois...
E no depois, eu fico aqui, a esperar que o destino me diga se eu vou aprender a sangrar, ou se vou ter que viver pra sempre com essa quase cicatriz que não consegue se fechar.