A garota que você ama entrou em sua vida quando você ainda era uma criança, aos 7 anos de idade. A casa ao lado, que estava vazia há tantos anos, fora ocupada por um casal jovem, com uma única filha. A menina, que tinha a mesma idade que a sua, tinha os cabelos, negros, bastante enrolados, que, por mais que a mãe se esforçasse em arrumá-los, permaneciam embaraçados. Era pequena, magra, a pele bastante clara, e olhos azuis. Você nunca foi de brincar na rua, de subir em árvores, de jogar bola no parquinho do outro lado da rua. Nunca foi de muitos amigos. Ela, também, não parecia gostar de se misturar. Quando você ficava a olhar, pela janela do seu quarto, os meninos no playground, nunca a vira com eles. Apenas a via quando ia sair com sua mãe, e ela estava saindo com a mãe dela. Raras vezes. E, mais raramente ainda, você tinha coragem de olhar fixamente para ela. Sabia, apenas, que ela era linda.
A garota que você ama começou a estudar na mesma escola que você. Agora que as férias acabaram, você estava saindo com seu pai, logo cedo, para voltar à escola, e percebe que a pequena vizinha está com o uniforme igual ao seu. Seu coração acelera. Talvez seria sua chance de ter, finalmente, uma amiga. Afinal de contas, são vizinhos, e são, ambos, introspectivos. Você nunca teve um amigo no colégio. Sempre acabava brincando sozinho no recreio. Talvez ela ficasse como você, e você poderia ir falar com ela. Chegando ao colégio, tivera, então, certeza: estudariam na mesma sala. Ela estava sentada na primeira carteira, com uma mochila lilás ao lado de sua carteira, e um óculos, igualmente lilás, em seu rosto. Os cabelos, como sempre, embaraçados e desarrumados, rebeldes por natureza. Você decide não sentar perto demais dela, para não dar a impressão de que queria tirá-la de seus pensamentos. Senta no fundo da sala, no canto. Como sempre.
A garota que você ama está crescendo. Nos últimos 4 anos, continuaram estudando na mesma escola. Desde aquele primeiro dia, você nunca teve coragem de ir falar com ela. No máximo, se cumprimentavam com sorrisos. E quando isso acontecia, seu rosto enrubescia e você, quase que momentaneamente, acelerava o passo para que ela não percebesse seu embaraço. Ela fez amizade com duas ou três garotas da sala, que não eram tão populares como ela. Eram as garotas grandes demais para a idade, com acnes precoces, e cabelos desarrumados. Ela tinha, em comum, apenas o desembaraço dos cabelos, pouquíssimas acnes, e os óculos grandes demais para seu belo rosto, mas, no mais, ela continuava linda. Ao menos para os olhos dele. Alguns garotos chegaram a caçoar dela, certa vez. Você ficou furioso. Fechou os olhos e se viu defendendo-a, inclusive, comprando briga com os garotos, para defendê-la. Mas você, franzino, assustado, jamais faria isso. Só que, sabia que a defenderia do que fosse preciso. Apenas não tinha coragem suficiente agora.
A garota que você ama está entrando na adolescência. Você percebeu que ela está ficando mais vaidosa, com o passar dos dias. Estava fazendo algum tratamento para a pele. Não que tivesse muitas acnes, não. Mas, as poucas que tinham, estavam sumindo. Abandonou os óculos grandes que escondiam o seu rosto, e trocou-os por lentes de contato, que ajudaram a realçar o azul dos olhos. Começara a cuidar melhor dos cabelos também, e, com a ajuda de cosméticos, seus cabelos não ficavam mais embaraçados, mas caíam perfeitamente em seus ombros e suas costas, cacheado, e belos. Você, também, tinha vergonha de pensar que percebera, mas a garota estava com formas diferentes em seu corpo. Sempre fora magra, mas agora passara a apresentar curvas mais acentuadas em sua cintura, quadril, e também criara seios. Começara a conversar menos com as amigas estranhas, tendo em vista que outras meninas, até as mais populares, começaram a dar atenção à ela. Inclusive os garotos, os mesmos que já vieram a caçoar dela, agora a tratavam com cortesia, como alguém que merecia sua atenção.
A garota que você ama se tornara a mais popular da escola. Nos últimos anos de estudo, no ensino médio, a garota começou a chamar cada vez mais atenção. Pois, já era reconhecida pelos professores por sua extrema inteligência desde pequena. Mas, agora, era também reconhecida pela sua beleza, que se tornava cada vez mais estonteante com o passar dos anos. Então, era tida como o exemplo de garota para todos no colégio. Todas as garotas queriam ser como ela, estar ao lado dela, viver como ela. E todos os garotos a desejavam, a comiam com os olhos, a cortejavam. Você, inclusive. Em silêncio.
A garota que você ama vai morar em outra cidade. Dedicada e inteligente, como se sabia que era, a jovem passou em um vestibular em outra cidade. Numa universidade federal, para estudar Medicina Veterinária. Ficara sabendo isso pois a mãe da garota contara à sua mãe, numa dessas conversas casuais que tinham no jardim, por serem vizinhas há tantos anos. Você vai ficar na cidade. Conseguira passar na universidade local, para estudar Engenharia Elétrica. Estava feliz com sua conquista. Ao menos, nos estudos, você sabe reconhecer que é muito bom. Mas, ficava triste, ainda assim, por não poder mais vê-la todos os dias. Apenas nas férias, quando viesse visitar os pais, e acabaria vendo-a, andando pelo jardim, ou pela rua, para encontrar alguma das amigas de colégio que ficara na cidade.
A garota que você ama vai se casar. Já há 6 anos a garota tinha ido para a outra cidade, estudar. Você a vira algumas poucas vezes, quando, em suas férias, ela não ia viajar para outra cidade, e vinha visitar os pais. Cumprimentaram-se com sorrisos pouquíssimas vezes que se cruzaram na rua. E você ainda reagia da mesma maneira: enrubescia, e acelerava o passo, para não parecer patético. Terminara os estudos, e conseguira um emprego, como veterinária de uma grande fazenda, lá na cidade onde estudara. Um dia, então, a mãe da garota veio até a sua casa, e pediu para falar com sua mãe, e disse para você ficar junto, pois estudara a vida toda com sua filha, e queria fazer um convite para a família toda. Contou que a filha começou a namorar com um veterinário que trabalha com ela na mesma fazenda, e que iriam casar-se, e veio convidá-los para as comemorações. Sua mãe ficara bastante animada, e você esboçou um sorriso, tentando fingir alguma felicidade pela senhora radiante à sua frente. A garota que você ama. Que você vira crescer. Que você protegera em pensamento. Que guardara em seus sonhos, em seus pequenos devaneios. Iria casar-se. E você, nem ao mesmo, conseguiu dizê-la um bom dia.
A garota que você ama começou a estudar na mesma escola que você. Agora que as férias acabaram, você estava saindo com seu pai, logo cedo, para voltar à escola, e percebe que a pequena vizinha está com o uniforme igual ao seu. Seu coração acelera. Talvez seria sua chance de ter, finalmente, uma amiga. Afinal de contas, são vizinhos, e são, ambos, introspectivos. Você nunca teve um amigo no colégio. Sempre acabava brincando sozinho no recreio. Talvez ela ficasse como você, e você poderia ir falar com ela. Chegando ao colégio, tivera, então, certeza: estudariam na mesma sala. Ela estava sentada na primeira carteira, com uma mochila lilás ao lado de sua carteira, e um óculos, igualmente lilás, em seu rosto. Os cabelos, como sempre, embaraçados e desarrumados, rebeldes por natureza. Você decide não sentar perto demais dela, para não dar a impressão de que queria tirá-la de seus pensamentos. Senta no fundo da sala, no canto. Como sempre.
A garota que você ama está crescendo. Nos últimos 4 anos, continuaram estudando na mesma escola. Desde aquele primeiro dia, você nunca teve coragem de ir falar com ela. No máximo, se cumprimentavam com sorrisos. E quando isso acontecia, seu rosto enrubescia e você, quase que momentaneamente, acelerava o passo para que ela não percebesse seu embaraço. Ela fez amizade com duas ou três garotas da sala, que não eram tão populares como ela. Eram as garotas grandes demais para a idade, com acnes precoces, e cabelos desarrumados. Ela tinha, em comum, apenas o desembaraço dos cabelos, pouquíssimas acnes, e os óculos grandes demais para seu belo rosto, mas, no mais, ela continuava linda. Ao menos para os olhos dele. Alguns garotos chegaram a caçoar dela, certa vez. Você ficou furioso. Fechou os olhos e se viu defendendo-a, inclusive, comprando briga com os garotos, para defendê-la. Mas você, franzino, assustado, jamais faria isso. Só que, sabia que a defenderia do que fosse preciso. Apenas não tinha coragem suficiente agora.
A garota que você ama está entrando na adolescência. Você percebeu que ela está ficando mais vaidosa, com o passar dos dias. Estava fazendo algum tratamento para a pele. Não que tivesse muitas acnes, não. Mas, as poucas que tinham, estavam sumindo. Abandonou os óculos grandes que escondiam o seu rosto, e trocou-os por lentes de contato, que ajudaram a realçar o azul dos olhos. Começara a cuidar melhor dos cabelos também, e, com a ajuda de cosméticos, seus cabelos não ficavam mais embaraçados, mas caíam perfeitamente em seus ombros e suas costas, cacheado, e belos. Você, também, tinha vergonha de pensar que percebera, mas a garota estava com formas diferentes em seu corpo. Sempre fora magra, mas agora passara a apresentar curvas mais acentuadas em sua cintura, quadril, e também criara seios. Começara a conversar menos com as amigas estranhas, tendo em vista que outras meninas, até as mais populares, começaram a dar atenção à ela. Inclusive os garotos, os mesmos que já vieram a caçoar dela, agora a tratavam com cortesia, como alguém que merecia sua atenção.
A garota que você ama se tornara a mais popular da escola. Nos últimos anos de estudo, no ensino médio, a garota começou a chamar cada vez mais atenção. Pois, já era reconhecida pelos professores por sua extrema inteligência desde pequena. Mas, agora, era também reconhecida pela sua beleza, que se tornava cada vez mais estonteante com o passar dos anos. Então, era tida como o exemplo de garota para todos no colégio. Todas as garotas queriam ser como ela, estar ao lado dela, viver como ela. E todos os garotos a desejavam, a comiam com os olhos, a cortejavam. Você, inclusive. Em silêncio.
A garota que você ama vai morar em outra cidade. Dedicada e inteligente, como se sabia que era, a jovem passou em um vestibular em outra cidade. Numa universidade federal, para estudar Medicina Veterinária. Ficara sabendo isso pois a mãe da garota contara à sua mãe, numa dessas conversas casuais que tinham no jardim, por serem vizinhas há tantos anos. Você vai ficar na cidade. Conseguira passar na universidade local, para estudar Engenharia Elétrica. Estava feliz com sua conquista. Ao menos, nos estudos, você sabe reconhecer que é muito bom. Mas, ficava triste, ainda assim, por não poder mais vê-la todos os dias. Apenas nas férias, quando viesse visitar os pais, e acabaria vendo-a, andando pelo jardim, ou pela rua, para encontrar alguma das amigas de colégio que ficara na cidade.
A garota que você ama vai se casar. Já há 6 anos a garota tinha ido para a outra cidade, estudar. Você a vira algumas poucas vezes, quando, em suas férias, ela não ia viajar para outra cidade, e vinha visitar os pais. Cumprimentaram-se com sorrisos pouquíssimas vezes que se cruzaram na rua. E você ainda reagia da mesma maneira: enrubescia, e acelerava o passo, para não parecer patético. Terminara os estudos, e conseguira um emprego, como veterinária de uma grande fazenda, lá na cidade onde estudara. Um dia, então, a mãe da garota veio até a sua casa, e pediu para falar com sua mãe, e disse para você ficar junto, pois estudara a vida toda com sua filha, e queria fazer um convite para a família toda. Contou que a filha começou a namorar com um veterinário que trabalha com ela na mesma fazenda, e que iriam casar-se, e veio convidá-los para as comemorações. Sua mãe ficara bastante animada, e você esboçou um sorriso, tentando fingir alguma felicidade pela senhora radiante à sua frente. A garota que você ama. Que você vira crescer. Que você protegera em pensamento. Que guardara em seus sonhos, em seus pequenos devaneios. Iria casar-se. E você, nem ao mesmo, conseguiu dizê-la um bom dia.
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