Clarisse,
Percorrendo essas ruas sujas, me lembrei de você. Deitada em sua cama, de cortinas fechadas, sem deixar o sol entrar. Me imaginei te guiando por esses caminhos oblíquos, de paredes cinzas, e te via triste. Você pintou seu mundo tão bonito, em tuas portas cerradas, em sua torre de princesa, que essa verdade te machucaria os olhos, te destruiria as narinas, te faria sofrer. É por isso que eu receio em te escrever. Eu não sei o que você faria se eu te contasse tudo que eu vi, tudo que vivi. As pessoas que conheci.
As pessoas me doem, Clarisse. Me machucam os dias, me destroem a esperança. Talvez eu nem devesse dizer, mas eu preciso desabafar, porque, talvez, assim, essas lembranças parem de me dilacerar a vontade de continuar. Eu vi homens, Clarisse, que se corrompem por um pedaço de pão. Eu vi mães que deram nome de santo aos seus filhos, mas estes se tornaram os próprios demônios. Eu vi pessoas destruindo outras pessoas para o seu próprio bem. Eu me vi inserido nesse mundo cão, Clarisse. Eu não quero te ver jogada nesse pedaço de inferno. Eu não consigo imaginar como você reagiria à maldade, à crueldade dos olhos de um homem faminto por sangue. O asfalto engoliria suas pernas, o concreto estraçalharia sua alma. Pois os prédios são espíritos sedentos por corpos sem vontade. E todos são iguais aqui fora.
Te escrevo pra dizer que eu lembro de você todos os dias. Que talvez eu devesse ir te visitar. Mas, acredito eu, você nem mais se recordaria de mim. O sol me queimou a pele, me deixou manchas. A chuva pingou na terra, me encardiu as vestes. A fumaça me dilacerou o nariz, deixou meus olhos vermelhos. O barulho me deixa quase surdo. Os dias me consumiram o brilho, Clarisse. Prefiro, então, que você mantenha a bela lembrança de mim. De quando eu visitava o seu quarto, e ainda habitava o seu mundo. E desejo, de todo o coração, que nada te arranque daí. Acredite, ainda, em tudo que é seu.
Com sufoco e silêncio,
seu James Dean
Percorrendo essas ruas sujas, me lembrei de você. Deitada em sua cama, de cortinas fechadas, sem deixar o sol entrar. Me imaginei te guiando por esses caminhos oblíquos, de paredes cinzas, e te via triste. Você pintou seu mundo tão bonito, em tuas portas cerradas, em sua torre de princesa, que essa verdade te machucaria os olhos, te destruiria as narinas, te faria sofrer. É por isso que eu receio em te escrever. Eu não sei o que você faria se eu te contasse tudo que eu vi, tudo que vivi. As pessoas que conheci.
As pessoas me doem, Clarisse. Me machucam os dias, me destroem a esperança. Talvez eu nem devesse dizer, mas eu preciso desabafar, porque, talvez, assim, essas lembranças parem de me dilacerar a vontade de continuar. Eu vi homens, Clarisse, que se corrompem por um pedaço de pão. Eu vi mães que deram nome de santo aos seus filhos, mas estes se tornaram os próprios demônios. Eu vi pessoas destruindo outras pessoas para o seu próprio bem. Eu me vi inserido nesse mundo cão, Clarisse. Eu não quero te ver jogada nesse pedaço de inferno. Eu não consigo imaginar como você reagiria à maldade, à crueldade dos olhos de um homem faminto por sangue. O asfalto engoliria suas pernas, o concreto estraçalharia sua alma. Pois os prédios são espíritos sedentos por corpos sem vontade. E todos são iguais aqui fora.
Te escrevo pra dizer que eu lembro de você todos os dias. Que talvez eu devesse ir te visitar. Mas, acredito eu, você nem mais se recordaria de mim. O sol me queimou a pele, me deixou manchas. A chuva pingou na terra, me encardiu as vestes. A fumaça me dilacerou o nariz, deixou meus olhos vermelhos. O barulho me deixa quase surdo. Os dias me consumiram o brilho, Clarisse. Prefiro, então, que você mantenha a bela lembrança de mim. De quando eu visitava o seu quarto, e ainda habitava o seu mundo. E desejo, de todo o coração, que nada te arranque daí. Acredite, ainda, em tudo que é seu.
Com sufoco e silêncio,
seu James Dean
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