Pisei com receio nas pedras
Ouvi as tuas verdades incertas
Desci a rampa, com medo
E desenhei teus olhos vagos
Numa folha de papel qualquer
Tentei colocar ali alguma cor
Com o barco velho e abandonado
Sonhei roubar e colocá-lo no rio
Fechar os olhos
Ser carregado pela correnteza
Que me leve à uma cachoeira
Me despedace em suas pedras
Ou me afogue em um redemoinho
Quem sabe até
Pare à beira de uma tribo indígena
Pra eu recomeçar
E ao sentar no chão molhado
Te observei, enfim
Sorrindo
Com a doçura de uma criança travessa
E abandonando, enfim, a tua armadura
Que mais te fere do que te protege
Olhei ao redor, admirei o cenário
E vi ali, o lugar perfeito
Para um encontro de amor
Para um dia especial
Para uma morte silenciosa
Para a despedida dos anjos
E para o início do fim de mim
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