quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017

je suis un gâchis

depois de tantas folhas arrancadas e atiradas sem força na lata de lixo velha, me dou conta. 
não sei mais escrever.
me faltam as palavras, as referências são vazias, os versos já não fazem mais sentido como antes. já não me tocam mais as palavras que desenho pavorosamente no papel. é pura verborragia.
não sinto mais no texto o meu ponto de equilíbrio. e sigo, então, caindo constantemente da corda bamba, pois ao perder este eixo, não me encontrei em nenhum outro.
os temas já estão batidos. as despedidas já são tantas nas velhas prosas que já nem existem mais portas nesse mundo para eu fechar e deixar alguém do lado de fora. todos já se foram. inclusive os outros tantos eu que fui nesta caminhada. só sobrou eu, e ainda não consigo me despedir de mim. (ênfase no ainda).
recomeçar já foi uma opção, sabe? ou como dizem os novos filósofos do youtube, ressignificar. mas para ressignificar algo, eu preciso, primeiro, encontrar um significado para renovar. e os significados se perdem nos verbetes mais simples, quando às vezes até esqueço como se respira corretamente para seguir em frente.
me incomoda o fato de perceber que os textos agora são só rascunhos que ficam perdidos nas marcas do grafite e nas batidas descontroladas do teclado. nenhum deles eu permito que você leia, ou que tenha algum contato.
no fim, parece puro dadaísmo, palavras desconexas que não trazem nenhum sentido real. mas é muito menos que uma obra de Tristan Tzara. nem chega a ser artístico. é só uma grande bagunça, refletindo minha mente confusa que não transcreve e nem reage com exatidão a mais muita coisa.
talvez a máquina esteja parando, talvez eu seja um caos. a verdade é muito relativa quando se trata de saber o que se passa realmente dentro de uma pessoa indecisa e inquieta como eu.
a única verdade que não é relativa é: não sei mais escrever. não sei se um dia saberei novamente.
enquanto isso, me alegro e ao mesmo tempo me entristeço com meus velhos textos. a minha paz reside lá, em uma versão barulhenta e nostálgica do que eu fui e que sei que não serei mais.

Um comentário:

  1. Hello, it's me...
    Só passando pra dizer que leio tudo isso aqui e que esse ficou foda pra caralho.
    Don't stop com esse eu-lírico.

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