"at this time, I wanna be the one who leaves".
a pior coisa foi entrar numa relação já pensando em como seria quando ela acabasse. já sabendo que essa história tinha data de validade e que acabaria de uma maneira que machucaria a nós dois de formas que jamais esqueceríamos.
mas como isso já estava claro e bem definido, eu tive uma certeza. eu queria ser a pessoa que vai embora dessa vez. com a minha melhor interpretação de Alice Ayres, as linhas "I don't love you anymore, goodbye", dessa vez, teriam que ser minhas.
cansei de todos os relacionamentos falidos e machucados na minha pele como estigmas do meu fracasso, em que a última chicotada, aquela mais dolorida, é desferida contra mim. cansado de olhar para a porta e ver o outro indo embora, e eu aninhado na cama com dor em todo o meu corpo observando os passos daquele que se distanciava.
dessa vez, I wanna be the one who leaves.
eu quero ser o que diz que aquilo já não faz mais sentido pra mim. que o que eu recebo é menos do que eu espero pra pensar em viver feliz do lado de alguém. eu quero poder dizer que eu estou indo embora e que desejo que seja mais feliz com o que aprendeu dessa relação. eu quem quero dizer "cuide de você".
com o passar dos meses, comecei a acreditar que isso seria uma verdade. comecei a cansar de ter que pedir para que parasse de me tratar como um fantasma daquele que você deixou para trás. ou de ter que ouvir contigo todos os álbuns de uma cantora britânica que o nome eu nem sei pronunciar, mas ouvir o primeiro verso de qualquer música do Ney já ser motivo pra você torcer o nariz.
comecei a não gostar mais de ter que pedir pra fazer parte da sua vida, de pedir atenção e, às vezes, ter até que expor a minha carência porque eu realmente estava recebendo muito menos carinho do que uma pessoa normalmente receberia na mais fria das relações.
mas, perto da data final da validade que veio no frasco, o que mais começou a me frustrar foi a certeza de que eu não seria aquele que vai embora. mais uma vez, você passou a dar indícios de que era você quem iria dar o primeiro passo e atravessar a porta. no exato momento em que, assim como todos os outros, apontou para mim os meus traumas e meus defeitos, e, sem respeitar tudo que eu mais tenho medo, me obrigou a pedir desculpas por eu ser quem sou.
e mais uma vez eu fico, com as cicatrizes na pele, olhando outra pessoa partir me apontando pelos fardos que eu nunca pedi pra carregar.
dessa vez, passou.
da próxima vez, I wanna be the one who leaves.
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