já tem um tempo que eu tô tonta de tentar.
tem um tesão que sai da carne, sabe? que exala um cheiro muito particular e peculiar, que só as duas pessoas envolvidas conseguem soltar, e sentir.
eu te sinto constantemente, apesar de que suas certezas são tão inconstantes.
sinto quando você nota a minha aparência, e faz algum comentário solto, se segurando pra não me elogiar. sinto quando você tem medo de beber por não saber se vai conseguir manter o controle quando já estiver ébrio. sinto quando você bebe, solta as amarras, desapega do mundo lá fora e vive o momento presente comigo. sinto quando você perde a linha e passa do ponto de misturar vários tipos de álcool e me olha no olho pedindo ajuda e cuidado. sinto quando pega meu cabelo de leve, enrola na ponta dos seus dedos, solta carinhosamente e depois fica acariciando a própria mão. sinto quando dança o que eu escuto, mesmo quando você diz que esse não é o seu tipo de som. sinto quando você sutilmente me toca, em silêncio, e mantém o toque, sendo alicerce e ao mesmo tempo apoiado. sinto quando você finge que não me ouve, que não me percebe, mas dá um sorriso pequeno e quase escondido no canto da boca que me mostra que você sabe que eu te sinto.
e mesmo assim, você foge do caminho quando eu sigo na direção pra te encontrar. apesar de olhar pra mesma trilha que eu, você prefere ignorar esse trajeto e se manter em um que, você sabe, não há luz no final dele. que você segue desprotegido e indefeso apesar de acompanhado. que você desvia dos teus anseios para garantir uma estrutura que já está arruinada há algum tempo.
e eu sinto constantemente por isso, com suas inconstâncias tão presentes e tão limitantes.
e apesar desse tesão que há na carne sair claramente de mim, e eu saber que também exala de você, eu venho me cansando de estar envolvida em uma história que devia ser de duas pessoas, mas parece estar sendo só de uma.
e é por isso que já tem um tempo que eu tô tonta de tentar. e quando eu cair desmaiada, não há rugido que possa me acordar.
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