segunda-feira, 17 de fevereiro de 2020

Carta de Fundo de Gaveta; ou a pantografia do seu futuro

Quando Gravity, da Sara Bareilles, me vem à cabeça, você vem junto com ela. Como um trecho da música que nunca foi escrito mas sempre, sempre está lá no exato instante em que eu aperto o play. Assim como ouvir Jay Vaquer, Paolo Nutini, ou Carla Bruni. Você sempre está lá.

Você está em vários lugares. Nas praças do interior do Paraná, nas ruas de Curitiba, nas histórias de Brasília, nas discussões políticas. Nas lembranças da adolescência e do começo da vida adulta, nos traumas de envolvimento, nas prolongadas desconfianças, na dificuldade de conseguir demonstrar amor, nas cicatrizes mais profundas. Você está lá.

Quando falam de conexões, você está lá. De todas as vezes que eu tinha um dia péssimo, e você me ligava na manhã seguinte dizendo que havia sonhado comigo. Quando falam de mágoa, você está lá. De todas as vezes que eu acreditei que dessa vez seria a minha vez de poder andar de mãos dadas na rua com você, e que seria só a minha mão que você estaria segurando. Mas minha vez nunca chegou.

O seu nome agora está gravado em uma aliança, que está vestida numa mão que definitivamente não é a minha. E eu desejo que você esteja feliz, honestamente. Que o fato de ter seu primeiro nome pantografado em uma jóia te faça ficar somente nessa história. Uma história por vez.

Contudo, a aliança que poderia ter tido o meu nome segue guardada em alguma maleta de algum ourives, que jamais sonhou que um dia nós teríamos adquirido ela para consolidar algum capítulo de toda essa odisseia.

A jóia segue arquivada em uma gaveta, assim como essa carta, e todas as outras que nunca chegaram a você.


Something always brings me back to you

Nenhum comentário:

Postar um comentário