Trecho de:
Leviatã
ou Matéria, Forma e Poder de um Estado Eclesiástico e Civil
Primeira Parte: Do Homem
6. Sobre a origem interna dos movimentos voluntários chamados paixões e a linguagem que os exprime.
[...]
Paixões simples, como as chamadas apetite, desejo, amor, aversão, ódio, alegria e tristeza recebem nomes diversos conforme a maneira como são consideradas. Em primeiro lugar, quando uma sucede à outra, são designadas de maneiras diversas conforme a opinião que os homens têm da possibilidade de conseguir o que desejam. Em segundo lugar, do objeto amado ou odiado. Em terceiro lugar, da consideração de muitas delas em conjunto. E em quarto lugar, da alteração da própria sucessão. Paixões simples, como as chamadas apetite, desejo, amor, aversão, ódio, alegria e tristeza recebem nomes diversos conforme a maneira como são consideradas. Em primeiro lugar, quando uma sucede à outra, são designadas de maneiras diversas conforme a opinião que os homens têm da possibilidade de conseguir o que desejam. Em segundo lugar, do objeto amado ou odiado. Em terceiro lugar, da consideração de muitas delas em conjunto. E em quarto lugar, da alteração da própria sucessão.
Chama-se esperança o apetite ligado à crença de conseguir.
Sem essa crença, o apetite se chama desespero.
Chama-se medo a opinião ligada a crença de dano proveniente do objeto.
Chama-se cólera a coragem súbita.
Chama-se confiança em si mesmo a esperança constante.
Chama-se indignação a cólera perante um grande dano feito a outrem, quando pensamos que este foi feito por injúria.
Chama-se benevolência, boa vontade, caridade o desejo do bem dos outros. Chama-se bondade natural se for do bem do homem em geral.
Chama-se cobiça o desejo do bem dos outros, palavra que é sempre usada em tom de censura, porque os homens que lutam por elas vêem com desagrado que os outros as consigam; embora o desejo em si mesmo deva ser censurado ou permitido conforme a maneira como se procura conseguir essas riquezas.
Chama-se ambição o desejo de cargos ou de preeminência, nome usado também no pior sentido, pela razão acima referida.
Chama-se pusilanimidade o desejo de coisas que só contribuem um pouco para nossos fins e o medo das coisas que constituem apenas um pequeno impedimento.
Chama-se magnanimidade o desprezo pelas pequenas ajudas e impedimentos.
Chama-se coragem ou valentia a magnanimidade, em perigo de morte ou de ferimentos.
Chama-se liberalidade a magnanimidade no uso das riquezas.
Chama-se mesquinhez a pusilanimidade quanto a esse mesmo uso, conforme dela se goste ou não.
Chama-se amabilidade o amor pelas pessoas, sob o aspecto da convivência social.
Chama-se concupiscência natural o amor pelas pessoas apenas sob o aspecto dos prazeres dos sentidos.
Chama-se luxúria o amor pelas pessoas adquirido por reminiscência obsessiva, isto é, por imaginação do prazer passado.
Chama-se paixão do amor o amor por uma só pessoa, junto ao desejo de ser amado com exclusividade. Chama-se ciúme o amor junto com o receio de que esse amor não seja recíproco.
Chama-se ânsia de vingança o desejo de causar dano a outrem, a fim de levá-lo a lamentar qualquer de seus atos.
O porquê, o como e o desejo de saber chama-se curiosidade, e não existe em qualquer criatura viva a não ser no homem. Dessa forma, não é só por sua razão que o homem se distingue dos outros animais, mas também por esta singular paixão.
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Leviatã
ou Matéria, Forma e Poder de um Estado Eclesiástico e Civil
Primeira Parte: Do Homem
6. Sobre a origem interna dos movimentos voluntários chamados paixões e a linguagem que os exprime.
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Paixões simples, como as chamadas apetite, desejo, amor, aversão, ódio, alegria e tristeza recebem nomes diversos conforme a maneira como são consideradas. Em primeiro lugar, quando uma sucede à outra, são designadas de maneiras diversas conforme a opinião que os homens têm da possibilidade de conseguir o que desejam. Em segundo lugar, do objeto amado ou odiado. Em terceiro lugar, da consideração de muitas delas em conjunto. E em quarto lugar, da alteração da própria sucessão. Paixões simples, como as chamadas apetite, desejo, amor, aversão, ódio, alegria e tristeza recebem nomes diversos conforme a maneira como são consideradas. Em primeiro lugar, quando uma sucede à outra, são designadas de maneiras diversas conforme a opinião que os homens têm da possibilidade de conseguir o que desejam. Em segundo lugar, do objeto amado ou odiado. Em terceiro lugar, da consideração de muitas delas em conjunto. E em quarto lugar, da alteração da própria sucessão.
Chama-se esperança o apetite ligado à crença de conseguir.
Sem essa crença, o apetite se chama desespero.
Chama-se medo a opinião ligada a crença de dano proveniente do objeto.
Chama-se cólera a coragem súbita.
Chama-se confiança em si mesmo a esperança constante.
Chama-se indignação a cólera perante um grande dano feito a outrem, quando pensamos que este foi feito por injúria.
Chama-se benevolência, boa vontade, caridade o desejo do bem dos outros. Chama-se bondade natural se for do bem do homem em geral.
Chama-se cobiça o desejo do bem dos outros, palavra que é sempre usada em tom de censura, porque os homens que lutam por elas vêem com desagrado que os outros as consigam; embora o desejo em si mesmo deva ser censurado ou permitido conforme a maneira como se procura conseguir essas riquezas.
Chama-se ambição o desejo de cargos ou de preeminência, nome usado também no pior sentido, pela razão acima referida.
Chama-se pusilanimidade o desejo de coisas que só contribuem um pouco para nossos fins e o medo das coisas que constituem apenas um pequeno impedimento.
Chama-se magnanimidade o desprezo pelas pequenas ajudas e impedimentos.
Chama-se coragem ou valentia a magnanimidade, em perigo de morte ou de ferimentos.
Chama-se liberalidade a magnanimidade no uso das riquezas.
Chama-se mesquinhez a pusilanimidade quanto a esse mesmo uso, conforme dela se goste ou não.
Chama-se amabilidade o amor pelas pessoas, sob o aspecto da convivência social.
Chama-se concupiscência natural o amor pelas pessoas apenas sob o aspecto dos prazeres dos sentidos.
Chama-se luxúria o amor pelas pessoas adquirido por reminiscência obsessiva, isto é, por imaginação do prazer passado.
Chama-se paixão do amor o amor por uma só pessoa, junto ao desejo de ser amado com exclusividade. Chama-se ciúme o amor junto com o receio de que esse amor não seja recíproco.
Chama-se ânsia de vingança o desejo de causar dano a outrem, a fim de levá-lo a lamentar qualquer de seus atos.
O porquê, o como e o desejo de saber chama-se curiosidade, e não existe em qualquer criatura viva a não ser no homem. Dessa forma, não é só por sua razão que o homem se distingue dos outros animais, mas também por esta singular paixão.
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