A cortina mofada me fazia lembrar de que ontem eu te disse pra fechar os olhos.
Ontem?
Fazia tempo que eu já não sabia qual era o som dos seus lábios secos ao se abrir pra dizer.
Nada.
E ontem, ou um pouco antes do mês passado, eu senti seus cílios se moverem lentamente e piscar seus belos olhos escarlates.
A mão fria encostava em minha pele e me dizia que eu podia deixar a luz entrar só um pouco, só um pouco, naquele quarto escuro e sem vida.
Os lençóis espalhados pelo chão nos lembravam que há muito tempo não arrumávamos a bagunça que fizemos uns dias antes, naqueles dias que ainda nos lembrávamos.
Nos lembrávamos dos bons tempos, da grama sob nossos pés e o orvalho sobre nossas cabeças.
Hoje, ou algo como um dia qualquer, tua pele seca, teus olhos vermelhos, as cortinas mofadas, e o silêncio triunfa.
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