Foi ao encostar minha perna na sua. Falamos tanto que secaram as gargantas. Todos os assuntos convergiam, as verdades se completavam. As histórias, a tranquilidade. Me senti seguro para ser sincero e para abrir os meus segredos, e a reciprocidade foi gritante. Eu te ouvi confessar, e te ouviria por horas. Seria eternamente pároco, e te pediria para orar ao meu lado as penitências após a confissão. Engoliria os teus pecados. Se perderiam nos meus.
Foi ao olhar nos teus olhos. Tanto havia sido dito, havia tanto mais a se dizer. Sobre aquela mesa, todas as cartas lançadas. Baralho, tarô. Todas elas misturadas e escrevendo que o perigo se aproximava. Nós, inconscientemente, empurramos todas para o lado e a ignoramos, com telecinesia, no momento em que nos olhamos nos olhos. Pois, naquele momento, não havia mais o que dizer. Mamihlapinatapei.
Foi ao fazer um pedido próximo ao meu ouvido. Eu deveria ter negado. Deveria ter dito que não. Mas, ao entrar no carro, eu já estava entregue. Não havia por onde voltar.
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