sábado, 30 de maio de 2015

Sinestesia

Você, com odor de alfazema e sabor de saudades. Tá difícil olhar pra fora, os olhos ardem depois de dias sem abrir os olhos. Foi ruim aguentar as esperas, os minutos, as horas que nunca correm. Nunca correm. Foi complicado estar deitado só na cama fria, sem forças para buscar uma coberta pra me proteger dos sopros frios de solidão que me batiam há todo momento. 
Você, com sabor de menta e perfume de vazio. Você não volta há dias, você não fala há dias, você não responde há dias. No mês passado, eu vi sua pele tão corada e seu sorriso tão resplandecente, que eu acreditei que você ainda estava aqui. Eu vi você em todas as formas, nos galhos das árvores, nas nuvens no céu. Desenhei com a mão na terra o teu rosto e rolei na lama pra sentir o teu calor. Como alquimista, tentei te reconstruir com elementos ao meu redor, e te trazer de volta. Mas, nem um século de existência, e uma vida de lágrimas, seria o suficiente pra pagar a sua troca fundamental.
Você, com sabor amargo e cheiro de ausência. Pensei ser forte o suficiente para dizer, que não viverei a vida esperando por você. Repito isso diariamente, enquanto olho suas fotos e revivo cada linha do seu corpo. Repito isso, e peço em pensamento para que eu consiga não viver a vida esperando por você. Why don't you come over here? We've got a city to love. Passa aqui, diga um oi de novo. Pode ser sem sorrisos, pode ser a última vez. Deixa eu te levar de novo, me leva daqui de novo. Só mais uma vez. Pra eu poder parar de tentar te recriar. Pra eu poder parar de querer me destruir.

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