Havia tanto, tanto tempo. Pra que mexer nisso de novo? Sempre ouviu dizer que, quanto mais você mexe, mais fede, e ainda, costumava dizer isso para todas as pessoas que pensavam em voltar a tentar algo que já havia sido encerrado. Não importa a forma do fim, certa, errada, com discussões, com paz, com distanciamento. Não importa. Se acabou, era pra ser. E não me venha com essa filosofia de música do Raimundos, dizendo que "se ainda não deu certo é porque não chegou ao fim". Seja real: Não chegou ao fim porque não deu certo. E por mais que seja fácil falar, para ele era óbvio que era muito difícil de cumprir. Chegou, uma vez, a quase discutir com um amigo, por este motivo. Era bom com palavras. Péssimo com atitudes.
Então, pra que? Por que atendeu àquela ligação, por que aceitou a reaproximação? Por que foi encontrá-lo?
Claro, havia a curiosidade. Nunca havia olhado nos olhos daquele que o fez perder a cabeça, que o fez entregar o coração, que o fez quase ficar calvo de saudades, tristeza, preocupação, e decpeção. Nunca havia visto realmente quem ele era. Apenas sabia que o outro existia, em algum lugar. Uma cidade próxima. Tão próximo, porém tão distante. Não poderia perder a oportunidade.
Saiu em disparada, com o coração na boca, temendo perder o primeiro ônibus, a primeira carona, o primeiro pé-de-vento que o levasse de forma mais rápida possível até o lugar onde se veriam. Pela primeira vez, depois de tantos anos.
Havia sido uma história muito rápida, a dos dois, porém intensa. Uma amizade em comum, na verdade, uma paixão em comum, que acabou ficando em segundo plano quando ambos descobriram que tinham tanto em comum, e que um supria as faltas, vontades e desejos do outro, mesmo distantes. Eles sabiam que um era o melhor para o outro. E essa história tão intensa, durou apenas duas semanas, e nada mais.
Ele não se lembrava mais que havia um sentimento, até ouvir a voz do outro do lado do telefone, quase 3 anos depois, e dizer que, desta vez, ele estaria em sua cidade, com toda a certeza que poderia existir, e que eles iriam se ver. Ao telefone, tentou manter o controle na voz, enquanto sorria sem parar, durante todo o dia.
E então, após tomar um transporte público totalmente cheio, ele desceu no lugar certo. Chegando em frente ao local combinado, ligou para o outro, avisando que estava a frente, esperando-o. Então, ele veio. E ali estava, a sua frente, sendo aquele que via em fotos, vídeos, mas com uma pequena diferença: tão mais bonito! Mas, como toda a história que deveria ter ficado no passado, aqui não seria diferente.
Ouve um primeiro contato, um primeiro olhar, e toda aquela chama que queimou entre os dois. Aquela vontade de abraçar, de dizer que nunca esqueceu. Mas, as palavras advindas do encontro mostraram que a vida de ambos seguiu caminhos que, agora, não condiziam mais com as vontades, os anseios. Com as lembranças daquele quase casal. E então, todas as boas lembranças foram substituídas por um encontro, frustrado.
Ele voltou para sua casa, e assim que fechou a porta, forçou sua cabeça contra a parede por várias vezes. Mas nenhuma dor física o faria esquecer a dor que sentia, de ter destruído toda uma história por algo que, era óbvio, daria errado.
O que passou, passou, e não tem como voltar. É possível reconstruir uma janela, mas sempre serão vistas as rachaduras. Ou você troca o vidro, ou apenas guarda os cacos, como uma bela lembrança do que olhou através deles.
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