Aquele olhar. Uma pena que sou desprovido de compaixão. Mas ainda assim, eu jamais esqueceria aquele olhar.
Aqueles olhos que pediam por carinho, que pediam por uma chance, que demonstravam toda a vontade de tocar minha pele de novo, e de, por um curto espaço de tempo, poder ter a sensação de que tudo em mim, pertencia a ele.
Chegava a ser incômodo, constrangedor, manter aquela conversa enquanto os olhos analisavam cada expressão de meu rosto, cada movimento do meu corpo, cada vez que meus lábios se abriam para proferir uma palavra. Eu não me sentia bem em ser desejado.
É interessante dizer isso, pois normalmente nos sentimos bem em ver que alguém nós olha com desejo, com interesse. Nos sentimos passíveis de sermos amados, de sermos descobertos por alguém, e assim, nos dando uma chance de amar e descobrir outro alguém. Aí reside a diferença.
Tudo que há nestes olhos, e no corpo a qual ele faz parte, e na pele que cobre esse corpo, e principalmente, nos jeitos, trejeitos, manias e confusões que fazem parte desta pessoa, eu conheço. Conheço mais do que desejaria, conheço mais do que deveria. E nada nisso me atrai. Nada nisso me faz pensar em voltar e viver algo novamente, nem que seja um abraço prolongado e um beijo no rosto. Não existe ligação sentimental entre estes dois corpos. Não adianta tentar.
Aquele olhar. E não é por ser apenas desprovido de compaixão que eu não o retribuo com algum tipo de carinho, e sim com repulsa. É também por respeitar seu sentimento. Sim, respeitá-lo. Afinal de contas, seria muito fácil eu usar deste amor para satisfazer todos os meus desejos carnais, ir contra o que eu sinto e apenas usar teu corpo como poderia usar o de qualquer outra pessoa, mas prefiro agir com frieza e desprezo para que possas, enfim, destinar estes olhos para outro alguém, pois, por mais fundo que você tente olhar, mesmo dentro dos meus olhos, nos confins de minha alma, você poderá encontrar de tudo, mas nunca um lugar onde você possa repousar o seu amor.
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