Foi naquele teu abraço. Houveram promessas, eu sei. No meio dos versos da tua poesia, existem espaços vazios. Pretendi preencher, mas os nomes ainda se misturam como numa criação dadaísta. Em uma versão mais triste e deprimida de Tristan Tzara, você joga as palavras ao vento e o meu nome não estava no teu saquinho de recortes. Mas, houveram promessas, eu sei.
De que eu voltaria para as longas tardes, de que haveriam outros abraços, outros dias sobre a tua moto, outros olhares longos, outras conversas sobre as espécies de árvores diversas que você desenha e cola nas tuas paredes, para formar o teu bosque de grafite e celulose. Mas, já naquele teu abraço, eu soube.
Nas páginas dos livros que eu te indiquei, nos filmes que você ainda não viu, nas músicas que nós não cantamos. Nos dias que se passaram, na proximidade que minha casa fica da tua, nas vezes que eu passei do teu lado e fingi estar observando qualquer outra coisa que não fosse a tua sombra por onde você passa.
Esperei, talvez, que fosse diferente. Que ao invés de cantar "wish you were here", estaria cantando "comfortably numb", e acalmando tuas dores, te colocando de volta nos eixos, te ajudando a andar em paz. Mas, foi naquele teu abraço. Naquele teu pedido pra voltar amanhã. Eu já senti o cheiro da tua partida, o gosto da tua distância, e o toque do teu adeus.
Nenhum comentário:
Postar um comentário