terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Em Fogo e Carne

Um espaço de tempo. Corria com passos largos. O espaço de tempo era curto demais para perder tempo observando a paisagem. As pernas doíam absurdamente, a cada passo. Os pés formigavam, por vezes não tocavam ao chão. Ou talvez, não mais os sentisse tamanha era a intensidade que infligia impulso aos seus membros inferiores.
Fazia pouco tempo que ouvira a explosão. Aquele barulho ensurdecedor. Mas sabia que o tempo que levaria para destruir seria muito rápido. Era melhor sair logo dali.
Evitava olhar para trás. Temia encarar o fogo, a fumaça, a fuligem, as ruínas. O sangue, a pele, os membros, os cabelos. Os gritos, as faces de desespero.
Apenas corria, fugindo da destruição iminente. Não tivera forças para ajudar a ninguém. Também não tivera vontade. Não tivera vontade. Que queimem, as bruxas.
Era sua chance de se sobressair, ou cair por terra. Que permaneça só.

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