sexta-feira, 29 de junho de 2007

Tempos Tempestuosos

Mais um dos meus contos...

Tormentos

A Verdade Foi Contada
Os Segredos Revelados
As Amizades Mantidas
Os Laços Fortalecidos
Mas Dentro de Sua Alma
Apenas a Dor Permanece

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O menino estava sentado, no mesmo lugar de sempre. Porém, ele não estava ali, de forma alguma. Estava tão distante, em outra pessoa, em outro colégio. O local era tão próximo, mas o que ele queria, era tão distante das suas possibilidades. O que ele queria estava longe do seu alcance. Ele, como qualquer outra pessoa, tinha o poder de mudar coisas maleáveis, mas ele jamais poderia mudar o caráter ou a personalidade de alguém. Ele não poderia mudar a quem ele amava tanto, para que também o amasse. Sabia que teria que vivenciar aquela dor sozinho.
Porém, a hora da verdade ser revelada já havia chego. Havia adiado demais esse momento. No sábado anterior tudo teria sido contado, se o medo não tivesse tomado conta dele. E ainda, ele não poderia contar tudo sem entregar o que havia feito pensando nele. Coisas singelas, dobraduras em papel, tudo iniciado como uma brincadeira para passar o tempo, dele e de 3 de suas amigas de sala, um ensinando o outro a como fazer barcos, pássaros, estrelas, e coisas assim.
E pelo simples fato de que ele não aceitou o convite de fazer barcos com eles, tanto porque eles estudam em locais diferente, quanto porque não sabia fazer, é que os barcos se tornaram objetos que o faziam lembrar daquele que tanto amava. E com este pensamento, 30 barcos foram confeccionados, de todos os tamanhos, com inscri-ções que mostravam sentimentos e coisas assim. Com a ajuda de uma de suas amigas, a que senta atrás dele, conseguiu atingir a este número, e ainda, confeccionar um pequeno balão, uma estrela, e 3 corações, que ele, porém, não ousou entregar.
E naquela manhã, dentro de sala de aula, porém não estando, espiritualmente, ali, ele repensava o que iria dizer, lembrava de como havia sido covarde no sábado e não queria ser de novo naquele dia, e imaginando quão negativamente o outro receberia a notícia.
Imaginava o momento em que o outro olharia para ele com desprezo e o chamaria de abominável, estranho, e que seus sentimentos não eram de verdade, que era um erro de criação ou uma incurável doença neuropsicológica. E então, debru-çou-se sobre sua carteira, e sobre um triste silêncio, ele chorou.
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Enquanto o garoto chorava, ele estava a duas ruas de distância. Jamais imaginava que alguém poderia estar chorando por ele naquele exato momento. Estava sentado em seu lugar, brincando com a caneta entre os dedos. Enquanto um professor estava desesperado em frente à classe tentava dar aula, toda a classe conversava de forma escandalosa e desorganizada. Ele, como alguns poucos, estava em silêncio. Estava pensando em como continuar o conto que tinha começado a escrever. Cada uma das seqüências que dava parecia dar errado. Pensava muito, porém nada lhe ocorria.
Seu silêncio é quebrado quando um de seus melhores amigos vira para ele, chamando-o.
– Então, você vai almoçar com a gente ou não?
– Ah, claro, claro. Já está tudo marcado. Só temos que esperar o pessoal vir lá do outro colégio, por que eu não sei quem de lá que vai com a gente.
Então, ocorreu-lhe um estalo, e lembrou-se de que teria que falar com uma pessoa hoje, pois essa pessoa queria lhe contar algo, algo muito sério, ou pelas próprias palavras da pessoa na mensagem de texto escrita a 3 dias atrás, uma coisa urgente, e que só podia ser dita pessoalmente.
Ele já tinha uma certa idéia do que poderia ser, lembrando da conversa que tiveram na quinta feira anterior. Porém, poderia não ser nada daquilo. Talvez alguém tivesse dito para ele algo, algo que estivesse tentando pôr um contra o outro. Ele apenas desmentiria. Talvez, poderia ser qualquer outra coisa. Independente do tema da conversa, ele pretendia deixar tudo bem. Ele não estava a procura nem de confusão e muito menos de inimizade.
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Durante toda a aula, sua amiga de descendência nipônica, a que sentava atrás dele, o chamava algumas vezes. Certas vezes para lhe mostrar uma música, ou que ela amava tanto, ou Melissa, a música que o fazia lembrar dele, pois ele foi a primeira pessoa com quem ouviu essa música, sentados na cadeira da padaria que se encontrava na quadra seguinte ao colégio do seu tão querido alguém. Outras vezes ela o chamava para lhe dizer que estava indignada com algum de seus problemas amorosos. A amizade dos dois tem esse ponto bom, um sempre tem a paciência de ouvir o outro, e tem a cautela necessária para não serem estúpidos quando dessem conselhos, porém com a rigidez necessária para que a pessoa seja realista.
Em certo momento, os dois iniciaram uma conversa sobre o trabalho que teriam que apresentar no final daquela semana, a forma com a qual mostrariam as imagens, enfim, como seria a organização, e sem perceber, a aula havia acabado.
Então, agora, ele se preparava para ir de encontro com os seus amigos do outro colégio, e principalmente com Ele. Seriam 7 pessoas que iriam almoçar juntas, amigos que pretendiam passar um momento feliz juntos. Porém, para ele, agora seria muito difícil demonstrar alguma felicidade. O nervosismo tinha tomado conta de todo o ser dele. Seu estômago estava embrulhado. Seus olhos, marejados. Seus lábios e seus membros superiores, trêmulos. Seu semblante, apavorado.
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Ele e seus 5 amigos estavam indo em direção a padaria, para quem sabe talvez esperar durante um certo tempo as pessoas que iriam de encontro deles para almoçarem juntos. Ele, um garoto de estatura média, cabelos curtos, rosto fino e olhos serenos e penetrantes. Entre os seus 5 amigos, estavam 3 meninas e 2 garotos. Uma delas era alta, rosto oval, cabelo comprido e com detalhes em roxo, tanto na franja quanto em mechas espalhadas sobre a cabeça. A outra, uma garota de estatura baixa, de origem nipônica, cuja pele tem uma tonalidade bronzeada e cujo cabelo é médio, com uma franja mais curta. A terceira é uma garota de estatura média, rosto fino, cabelos compridos e castanho claros. Entre os garotos, um deles era alto, torso largo, com os cabelos loiros quase até os ombros. O outro era um garoto de estatura média, com os cabelos castanho médios, pele demasiadamente clara e traços infantis.
Estavam todos sentados, olhando para a direção da rua de baixo, esperando que algum de seus amigos aparecesse. Karen, a garota dos cabelos roxos, olhou então uma figura distante que se parecia com alguém que conhecia. Alto, com cabelos que passavam dos ombros, que eram largos, rosto redondo, face macilenta. Então, quando se aproximou e que pode ver seus óculos, teve certeza. Karen e Nyu, a jovem nipônica, deixaram suas coisas no chão e correram para cumprimentá-lo. Agora, que também reconheceu quem chegava, ele sabia que uma hora ou outra suas dúvidas seriam solucionadas, sua curiosidade seria sanada.
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Ele via de longe seus amigos sentados na padaria, talvez esperando para ver quem chegava. Ele sorriu ao ver que quem ele queria que estivesse ali realmente estava. Ou seja, de hoje não passaria. Desvia então seu olhar para a direita e vê que Nyu e Karen correm em sua direção. Ele sorri mais ao vê-las correr, pois amava muito aquelas pessoas que vinham até ele.
– Oi Pai! – disse Nyu, fazendo referência a família que haviam formado entre os amigos.
– Oi Irmão Du! – disse Karen, abraçando-o.
– Hey pessoas! – respondeu calorosamente – Tudo certo?
– Tudo, tudo! – responderam as 2, em uníssono.
Surgem então, atrás das 2, os 4 que tinham ficado na padaria. O jovem alto e loiro, conhecido por todos por Beto, trouxe a mochila até as meninas e estendeu a mão para ele.
– E aí, Eduardo? Tudo bom?
– Tudo certo, e com você, Beto? – respondeu, também sorrindo.
– Indo, indo...
Surge então César, pulando e rindo, tentando derrubar todo mundo, e entrando na frente de Nyu, também cumprimenta.
– Oi Eduardo? Tudo bom?
– Tudo...
– Ah! Que bom que está Bem! – interrompe César, sorridente – Eu também estou bem – diz César, que depois ri bem alto e sai pulando feliz. Nyu olha para ele, e Karen abaixa a cabeça, segurando o riso.
Eduardo abraça Aline, e então vê quem ainda falta cumprimentar. Esse cumprimento seria o último no qual eles se veriam apenas como amigos. Ou eles passariam a se ignorar de alguma forma, ou a sua amizade melhoraria, ou talvez... talvez o que Eduardo queria se tornasse realidade, o que o próprio considera muito pouco provável.
– Olá, Diego – diz Eduardo, apertando a mão de Diego.
– Olá, Du – responde Diego.
Eduardo continua a olhar para Diego, imaginando qual seria a feição daquele rosto quando dissesse o que tinha tão urgentemente que dizer. Ficou assim durante algum tempo, apenas voltou a si quando Diego soltou sua mão.
– Vamos? – chamou Diego, mostrando a Eduardo que o grupo já estava um pouco a frente deles 2.
– Claro, claro – respondeu, envergonhado – Eu nem tinha visto que eles já tinham começado a andar.
Os dois apressaram o passo e foram de encontro aos amigos. Quando se juntaram a eles, Diego foi para o lado de César e Nyu, e Eduardo para o lado de Karen. Todos eles brincavam, riam, diziam coisas engraçadas, menos Eduardo, que se mantinha sério, aflito, ansioso pelo momento, pelo seu momento.
Continuaram assim até chegarem a lanchonete aonde iriam almoçar, todos brincalhões, e Eduardo centrado no seu próprio dilema. Foram então a fila para comprar o que comer. Eduardo disse a Karen que estava tão nervoso que não pretendia comer nada, pois seu estômago estava revirado. Karen disse a ele para comprar algo, que a fome viria.
Após todos escolherem o que iriam comer, sentaram-se a mesa e enquanto esperavam, continuavam com suas brincadeiras. Eduardo sentara-se quase a frente de Diego, e ficava a fitá-lo, com tremendo fascínio. Como alguém poderia ser assim? Ele tinha consciência de que a beleza daquele que amava era diferente, porém essa diferença era tão eminente, tão visível, tão... bela, que não havia como não notar.
Foram então pegar seus lanches. Beto, que havia afirmado que estava faminto, pediu 2 sanduíches, comprovando o que havia dito. Ele tinha muita fome. Todos comeram com certa velocidade, fruto da voracidade que existe na juventude.
Após comerem, foram todos para pegar sorvete, menos Eduardo, Diego e Karen. Karen convidou-os para tirar algumas fotos, e todas ficaram horríveis, e conseqüentemente, apagadas.
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Diego não se sentia satisfeito. Também tinha muita fome, mas pedir outro sanduíche levaria muito tempo. Decidiu pedir um salgado, porém só tinha notas muito altas. Todos estavam na fila do sorvete, mas mesmo assim resolveu perguntar.
– Alguém tem 1 real trocado pra eu comprar uma coxinha?
– Eu tenho – respondeu Eduardo – mas depois que comer esta coxinha eu quero falar com você
– Ah tá, tudo bem. E obrigado – disse, pegando a moeda de 1 real com Eduardo.
Foi até lá, pegou seu lanche, e pagou, porém o preço era 60 centavos, e todo o troco foi entregue em moedas de 5 centavos.
– Toma seu troco.
– Ah, tudo de 5 centavos eu não quero.
– Então tá, é meu agora...
– Pode pegar.
Diego comeu tão rapidamente sua coxinha como comeu o sanduíche.
– Será que nós podemos conversar agora? – perguntou Eduardo.
– Claro.
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Eduardo adiou durante muito tempo, porém agora ele teria que dizer, bastante trêmulo, ele levou Diego até um lugar aonde estivessem longe do alcance da visão da maioria dos amigos.
– Primeiro, eu quero pedir desculpas por ter adiado isso até agora, por não ter dito antes e por ter deixado isso acontecer.
Eduardo olhava para Diego, e percebia que o garoto estava olhando para ele com tanta atenção que chegava a ser incômodo.
– Eu não sei se eu te conheço o suficiente, eu não sei se eu sei realmente quem você é, mas o que eu sei já foi o bastante para que isso que aconteceu acontecesse, eu acho que você sabe o que, não é?
– Sim, eu já imaginava que era isso.
– Certo, então eu não terei que dizer que...
– Não, não se faz necessário
– Tá, eu não sei se aconteceria algo ou não, como eu já disse, eu nem sei se te conheço, mas eu gostaria que nossa amizade não mudasse, que você não mudasse comigo, por que senão eu ficaria pior do que eu já estou. Então...
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Então Diego olha para seu amigo, tentando entender seus sentimentos. Ele já sabia que o garoto o amava, mas ele custava acreditar que talvez um dia ele seria corajoso o suficiente pra dizer-lhe na cara isso.
E ainda, ele não era como o menino, ele não podia dizer que o amava também. Ele não o amava, mas tinha que ser educado, pois não pretendia deixá-lo pior.
– E se continuarmos amigos?
Eduardo olhou para baixo e sussurrou algo que Diego não pode entender inteiramente.
– Por favor, diga-me o que acabou de sussurrar.
– Não é nada, bobeira.
– Se fosse bobeira não ia ter medo de falar. Você disse que ia me dizer tudo hoje. Então fale, por favor.
O garoto olha para ele de forma triste
– Nunca será o suficiente para mim... Meu amor apenas crescerá... Mas eu posso lidar com essa amizade... Eu faço tudo para estar ao seu lado.
Então, o menino sai de perto de Diego, que volta para os amigos como se nada tivesse acontecido.
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Eduardo sai andando sozinho pelas ruas, e sentasse numa escadaria. Pensa por que tinha sido tão idiota a ponto de pensar que Diego iria querer algo com ele. Mesmo se Diego fosse como ele, ele era tão feio e Diego tão bonito, ninguém jamais olhara para ele, quem dirá alguém tão belo. Não, são apenas esperanças infundadas, porém, ele não considera seu sentimento inútil, pois vê-lo, mesmo que não sendo seu, o deixava feliz, vivo, e ao mesmo tempo, triste e sozinho, mas a visão do seu amor apenas aumentava a sua vontade de viver e quem sabe um dia talvez ter alguém tão perfeito como ele.
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Karen sente seu celular vibrando e vê que Eduardo liga para ela.
– Ei garoto, aonde você foi parar?
– Eu precisava pensar... Você pode vir até a esquina agora, por favor?
– Claro, amigo... Claro.
Karen avisa aos amigos que vai encontrar Eduardo e diz que já volta.
Chega até a esquina e vê o amigo mordendo o lábio. Então, Karen sorri para ele, e Eduardo chora.
Karen o abraça, diz para se acalmar, mas nada o acalma. Karen pensa que nunca viu o amigo tão mal, principalmente por causa de alguém. Nesse momento percebe que Eduardo realmente ama Diego.
Eduardo respira, e então fala o que tinha que falar pra Karen:
– Karen, entregue isso pra ele – Eduardo abre a mochila e tira um saco plástico aonde estão as coisas que fez pensando nele – E ah, eu vou embora, por que estou muito mal.
– Tudo bem amigo, melhoras.
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Desde aquele dia, o fatídico 06/06/06, nada mais foi o mesmo. Não, não aconteceu nada do que foi previsto para o dia, nenhuma catástrofe, nenhuma morte sobrenatural, nenhuma possessão, nada. Porém, para a vida dele sim.
Diego passara a ser muito mais simpático, carinhoso, engraçado e receptivo para com Eduardo, e ele tentava retribuir a tudo isto, fingindo estar feliz, para que Diego não percebesse que na verdade estava morrendo, definhando pouco a pouco pela falta do que não veio por parte dele.
Não queria muito por parte dele, queria ao menos poder abraçá-lo. O seu abraço já acalentaria seu coração. Não necessariamente um abraço de namorados, mas um abraço forte e carinhoso de amigos. E quem sabe, ao menos uma vez, sentir os seus lábios contra os dele, mas esse momento não chegaria.
Eduardo tenta superar, tenta esquecer, mas está sendo impossível. Talvez um dia encontre alguém que possa, por um momento, fazê-lo esquecer Diego, mas apagá-lo totalmente de sua vida será impossível, pois acredita nunca ter amado tanto alguém quanto o amou, e dizem que nenhum sentimento tem a mesma intensidade que outro, e este foi forte demais para sequer ser superado.

Outro Dia Qualquer Nesta Viagem

os territórios perdidos. uma nova terra que acabo de alcançar.
sem nenhum conhecimento do lugar.
sem nenhum conhecimento do povo deste lugar.
sem nenhum medo de seguir em frente.
eu devo continuar minha viagem sem destino.
pois eu sei, que quando eu chegar no final, tudo vai ter tido algum sentido.
e tudo vai ser melhor, então.

quinta-feira, 28 de junho de 2007

Grito Sem Fim

medo de lugares fechados. medo de lugares vazios. medo de aranha. medo de escuro. medo de fogo. medo de água. medo de se sentir esquecido. medo de ser perseguido. medo de fracassar. medo de cair. medo de sangue. medo de remédio. medo de rejeição. medo de sentir medo.
tudo isso e mais um pouco, era tudo o que ele podia dizer que sentia.
mas continuava a viver. até um dia já pensou em fazer uma bolha para não ter que entrar em contato com o resto do mundo. mas ele tinha medo de se sentir sufocado. e medo de que a bolha estourasse e ele não conseguisse sair de dentro dos restos dela. e medo de que os outros zombassem dele.
medo. de que adianta se viver com medo? ele então pensou em se matar. mas ele tinha medo da dor, e tinha medo do inferno. e decidiu continuar a viver. mas ele tinha medo de continuar vivo tendo que respirar o ar e comer o alimento e beber a água poluída deste mundo.
medo. ele não sabia mais o que fazer. e isso era um problema. ele tinha medo da indecisão.
procurou um psicologo e não falou nada. ele tinha medo de se expor.
e mesmo se a porta de um futuro promissor se abrisse perante ele, ele simplesmente teria medo de seguir ao desconhecido, mesmo sabendo que tudo melhoraria daquele dia em diante.

quarta-feira, 27 de junho de 2007

Do Fundo da Minha Mente

hm...
mexendo em algumas coisas aqui, encontrei alguns contos que escrevi faz um tempinho jáá, e estou disposto a postá-los aqui então...
e aí vai o primeiro ^^'

-- Sincero Repúdio --

- Vens comigo?
- Não.
- E por que?
- Nada em você me atrai.
- Direto, estúpido.
- Tudo isso, e sincero.
- Excessivamente.
- Mas é bem melhor assim.
- E você não pode nem tentar?
- Talvez.
- Então...
- Mas não hoje.
- E por que não?
- É meu direito.
- Como assim?
- É meu direito amar alguém, e ser fiel ao que eu sinto.
- E por quem é esse sentimento?
- Não por você.
- E por quem?
- Não alguém que você conheça.
- Por quem?
- Sinceramente, não te interessa.
- Você me interessa, e tudo sobre você também.
- Mas não me interessa lhe falar sobre mim.
- E não te interessa meu amor?
- Não.
- Mas já interessou?
- Um dia.
- E o que acabou com esse interesse?
- A sua vontade de me dominar.
- Eu nunca quis te dominar.
- Prendeu-me a este sentimento.
- Isso vem de você.
- Pode ser.
- Pode ser? Não! Vem de você.
- Sim? Então, se vem de mim, se é MEU, eu posso acabar com ele também.
- E por que acabar?
- Por que eu me proibi de viver, esperando você voltar.
- Isso eu nunca te pedi.
- Mas assim eu vivi, e sofri.
- Então, volte para mim, sabendo que não necessita ser assim.
- Sem volta.
- Nem minhas lágrimas te emocionam?
- A minha dor é muito maior e mais forte que suas lágrimas, e elas nunca te comoveram.
- Eu nunca soube dessa dor.
- Ela sempre esteve escrita em meus olhos.
- Eles sempre me pareceram sorrir.
- Isso mostra como você nunca me notou de verdade.
- Eu te conheço como ninguém.
- Não é o que parece.
- Eu não via tua dor, porque quando estava contigo, você se alegrava.
- Seus beijos e abraços me alegravam, mas você me machucava.
- Externamente?
- Internamente, e profundamente.
- Eu aprendi com meus erros.
- Você nunca reconheceu seus erros.
- Eu sei que não sou perfeito, me ajude a mudar. Venha comigo!
- Não mais.
- E por que não?
- Não sei mais amar.
- A pouco você me disse que estava amando alguém.
- Vês? Deixa-me tão irritado que até acaba com meus disfarces.
- O que não quer me contar?
- Nada...
- O que aconteceu?
- Eu já disse, não sei mais amar.
- E por que dizes isso?
- Tão cínico...
- Eu? O que tenho eu a ver com isso?
- Como assim o que tens a ver com isso? Tens TUDO a ver com isso! Foi por você quem sofri durante todo este tempo! Foi esse amor, esse amor que tive que compartilhar com outra pessoa! Esse amor compartilhado, do qual eu sempre recebia a menor parte!
- Podes dizer que era menor porque ficávamos pouco tempo juntos, mas sabes que é tu que amo de verdade!
- Amas? Se me amasse de verdade, a deixaria só, e viria comigo, sem medo de conseqüências.
- Eu não posso.
- Vês? É por isso que não sei mais amar. Todas essas desculpas, esses medos, essas esperas por um dia em que viveremos em paz, todo esse tempo perdido por você corroeu meu coração, minha vontade de ter alguém.
- Não digas isso, por nós, não diga isso.
- Nós? Não seja ridículo! Não existe mais “nós”. Existe apenas você, alguém que tem uma vida, um casamento e uma família para construir, e eu.
- Não é assim!
- É assim sim! Existe você, e eu, alguém que, após ter passado por tantas provações por sua causa, me tornei alguém sem sentimentos.
- Eu os acordo.
- Eu não preciso mais de você. Agora vá, e deixe padecer sozinho esse cubo de gelo que está vivendo bem melhor assim.

O Que Demônios É Isso?

Acho que isto é sobre o Inferno. Uma
versão dele onde se é condenado a fa-
zer a mesma coisa repetidamente. E-
xistencialismo, meu bem, que concei-
to; invocando Albert Camus. Existe a
idéia de que o Inferno são os outros.
Minha idéia é que pode ser a repetição.
Tudo é Eventual,
Conto: Você só pode dizer o nome daquela sensação em francês,
de Stephen King.

Divulgação Oficial da Realidade

se é certo ou errado, eu não sei. já parei de ficar me perguntando se eu devo ou não seguir assim. mas eu não consigo me imaginar diferente. com uma vida diferente. foi só assim que eu encontrei a mim mesmo. é assim que eu passei a me aceitar. e não me interessa o que os outros digam. eu gosto muito disso. se é certo ou errado, eu não sei. só sei que vou persistir nesse caminho. minha vida ninguém vai definir por mim. a sociedade não vai conseguir me modelar ao contrário. se é certo ou errado, eu não sei. mas é assim que eu quero que seja. e assim vai ser.


[Beautiful - Christina Aguilera]
No matter what we do, no matter what we say
We're the song inside the tune full of beautiful mistakes
And everywhere we go, the sun will always shine
But tomorrow we might awake on the other side

'Cause we are beautiful no matter what they say
Yes, words won't bring us down
We are beautiful in every single way
Yes, words can't bring us down
So, don't you bring me down today

segunda-feira, 25 de junho de 2007

A Dor Interna

♥ 13: Ao morrer, como quando a cena está fixada no rolo do filme e os cenários foram derrubados e queimados, somos fantasmas na lembrança que nossos descendentes guardam de nós. Então somos fantasmas, querido, somos mitos. Mas ainda estamos juntos, ainda somos um passado comum, um passado distante, é o que somos. Debaixo de um relógio de passado mítico ainda ouço a sua voz.

Jostein Gaarder,
Maya.

Mais Um na Fila

Esperar por você.
Eu ainda vou esperar por você
e ele ficava a repetir isso, todos os dias da sua vida, olhando para aquela foto.
enquanto a pessoa que ele amava se casava, formava uma família.
enquanto a pessoa que ele amava construía um futuro.
ele se afundava em memórias e em momentos bons.
ele ficava dia-a-dia esperando o dia em que tudo seria da forma que ele queria.
ele dormia e sonhava com o dia em que tudo voltaria "ao normal".
Esperar.
Eu vou esperar por você.
O quanto for preciso.

sexta-feira, 22 de junho de 2007

Relembre e Reflita


e existe uma parte do caminho, a parte mais difícil do percurso, que se é obrigado a fazer sozinho.
sozinho porque é hora de refletir tudo que já fez.
mesmo que seja difícil não ter ninguém nem para dizer como está o tempo, ou dizer que está cansado, ninguém para compartilhar nada, só sozinho que se pode pensar.
durante esta parte, você avaliará tudo que já fez e o que já foi feito com você. reverá todos os momentos da sua vida.
nem pássaros sobrevoam aquela parte do caminho. você está só. no silêncio.
e refletindo, para que, quando chegar no final desta parte, a parte mais difícil, você possa decidir se vai continuar no mesmo caminho ou tomar um caminho que te leve para algum lugar melhor.

quinta-feira, 21 de junho de 2007

Elevador (Não me Eleve, Eu Voltarei a Cair)

e quando você encontra alguém que se acha melhor que você
ignore...
sim, ignore. esta pessoa é uma pessoa insegura, necessitada de mostrar alguma superioridade.
aliás, não ignore. se permita sentir pena de alguém assim.
pois pessoas que tentam se mostrar superiores, na verdade se sentem tão inferiores que tentam diminuir outros para se tornarem seus iguais.

[The Strokes - You Only Live Once]
Some people think that are always right
Others are quiet and uptight
Others they seem so very nice nice nice nice nice
Inside they might feel sad and wrong
Twenty nine different atributes and only seven that you like
Twenty ways to see the world or twenty ways to start a fight


Conspiração

Não olhar para trás, foi tudo que ele aprendeu.
Não remoer o passado era o sentido real do que lhe foi dito.
Não olhar para trás era oque ele nunca fazia.
Ele tinha sempre a sensação de que alguém o seguia.
Sentia que, o menor erro que cometia, já era motivo para seu extermínio.
Ele temia tudo e todos.
Sua família era, para ele, espiões que estavam simplesmente ali para vigiá-lo de uma proximidade gigantesca.
Ele tinha medo de tudo e de todos.
O espelho é um instrumento de visualização do pior dos espiões que o seguiam e o prendiam nessa vida paranóica.



[Nevermore - Never Purify]
Scrape the pain off of my lips and watch our lives unwind
When I am in the camera eye self-immolation can never purify

Look at me, I'm on display
Another animal in this zoo our creator betrayed
If you don't feel the lesson, you're blind and deaf, my son
But don't run
Look at me, I'm on the wire

terça-feira, 19 de junho de 2007

Perdendo Tempo com Outro Problema

Nenhum medo mais me atinge, nenhuma opinião me corrompe, nenhuma confusão me confunde, nenhum terror me assusta, nenhuma paixão me derruba. criar uma parede ao redor de mim mesmo para parar de sofrer e para parar de viver pelos outros. a vida é minha, e é somente a mim que ela deve interessar. nada mais de opiniões alheias, intermissões desnecessárias, comunicação involuntária. ninguém mais vai me ter da forma que quiser. um marionete a menos no mercado.


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todo o dia ele acordava assustado, achando que estava atrasado, ou que tinha acordado cedo demais.
todo o dia no trabalho ele ficava nervoso, por ter feito o trabalho muito rápido ou por estar demorando demais para completá-lo.
todo o dia na volta de casa ele ficava preocupado, por estar preso no trânsito ou por estar chegando cedo demais em casa.
todo o dia em casa ele ficava pensativo, se estava gastando demais com água e luz, ou se estava sendo muito avarento e teria que usar pelo menos mais um pouco.
todo o dia ele ficava acanhado de abraçar sua esposa, pois ela poderia não gostar de suas carícias, ou talvez ela sentisse falta.
naquele dia tudo saiu da rotina. sua mulher o deixou. seus filhos o deixaram. seus amigos o deixaram.
e de tanto ficar pensando em tudo. até a vida dele o abandonou.

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what is love but an amount of feelings mixed in a wrong way to confuse people till they get crazy with that?
then, or they'll fight to get it, or fight to forget it, or give up and drown in a loneliness addiction.
that can take this one to a place with no turning back. the lack of will to live takes people to the total lack of life.

segunda-feira, 18 de junho de 2007

A Criança Amaldiçoada Tomou Outro Caminho e Cruzou o Meu

- Hey... acorde...
Era só isso que ela dizia ao rapaz ao seu lado.
Ela já tinha visto vários tipos de rapazes, homens, garotos, mas nenhum que se negasse a acordar depois de 12 horas dormindo na mesma posição. Ela sabia que o sexo dela era bom, mas nunca imaginou que ele derrubaria alguém durante tanto tempo.
Estava ficando assustada. Será que ele estava morto?
Não, ele ainda respirava, ainda tinha pulso. Mas estava desacordado a 12 horas.
Ela foi até o banheiro, e, estando em contato com a água, teve uma idéia.
Pegou um balde, encheu de água, e jogou sobre o rapaz.

Ele se mexeu um pouco, sem abrir os olhos primeiramente, depois os abriu calmamente.
- O que é tudo isso?
- Como assim?
- Que lugar é esse?
- Sua casa!
- Casa?
- Sim, aonde você mora.
Ela não entendia como uma noite de sexo podia causar amnésia, mas parece ter causado.
- Hm, mas... não é isso que quis dizer com a minha pergunta...
- O que foi então?
- O que eu estou fazendo aqui?
- Como assim?
- Hmm... quero dizer... o fato de eu ver, de respirar, de sentir... significa que eu estou vivo?
- Sim, eu acho.
E de tanta que eram os problemas, as tristezas, os medos dele, uma única noite de extremo prazer conseguira apagar tudo de ruim que ele já tinha passado. Ele esqueceu o que é viver. Passou a saber nada sobre aquilo que chamamos de vida.

Encare os Fatos

standing on the outside of the fight
all I see is blood, all I see is pain
all we see is suffering
all they can be sure is death
and, even with all these bad things
in my mind I still see the image of myself in this battle
cause while I battle, I can forget every bad thing I have to deal with everyday.

não existe legitimidade, não existe real vontade
não existe autenticidade, não existe idéia original
tudo é uma versão de algo que já foi feito antes
e que antes era uma versão de alguma outra versão
e assim por diante
então não me peça para ser eu mesmo
com certeza, algueém já teve a mesma personalidade que eu
e nada disso jamais vai pertencer somente a mim.


[ Pink Floyd - Comfortably Numb: ]
There is no pain you were receding
A distant ship locked on the horizon
You're only coming through in waves
Your lips move but I can't hear watcha saying
When I was a child I caught a fever, my hands looked like two balloons
Now I've got that feeling once again
I can't explain to you, but if our love is near, this is how I am
I've been Com-comfortably Numb

domingo, 17 de junho de 2007

Ainda Esperando o Soco me Acertar

e toda vez que eu olho para aquele rosto, me dá aquela vontade de gritar, de pedir que, se me odeia, demonstre todo seu ódio, descarregue ele.
todo esse tempo sem trocarmos uma palavra, sem nem sequer cumprimentos, acaba comigo pouco a pouco.
seria bem melhor que você chegasse na minha frente, e com toda a sua raiva, que permance aí guardada, berrasse, experneasse, fizesse um escândalo, talvez até me machucasse fisicamente, mas aí sim eu saberia o que você sente, o que permanece escondido em você.
eu ainda lhe peço que depois de tudo isso, considere o meu perdão.
que eu sei que errei, mas não posso pedir-lhe desculpas sem saber o tamanho da sua mágoa.
será como uma balança: dependendo do tamanho da sua raiva, eu apenas pedirei desculpas e apertarei sua mão ou ajoalherei em seus pés pedindo perdão desvairadamente.

Kelly Clarkson - Hear Me:
'Cause there are these nights when I sing myself to sleep
And I'm hoping my dreams bring you close to me
Are you listening'?
Hear me, I'm crying out, I'm ready now
Turn my world upside down, find me
I'm lost inside the crowd, it's getting loud
I need you to see that I'm screaming for you to please hear me
Can you hear me?

sábado, 16 de junho de 2007

Eu Posso ser Paranóico, mas Continuo sendo Humano

se em todos os momentos da sua vida, você se imagina como alguém diferente.
se você sempre procura por um motivo para se sentir assim, sozinho.
se você sempre acha que alguém ainda há de gostar de você, mesmo que você nunca chegue a sentir nada por esse alguém
se você realmente acredita que a vida pode ser muito melhor que essa merda em que você costuma chafurdar diariamente.
se algo na sua vida algum dia já foi bom e você gostaria de reviver aquele momento para o resto dos seus dias.
se você se considera realmente insatisfeito com tudo.
não adianta de nada.
tudo vai continuar da mesma forma, se você permanecer apenas reclamando.


Damien Rice - I Remember
Come all you lost, dive into moss.
I hope that my sanity covers the cost to remove the stain of my love
Paper maché
Come all you reborn, blow off my horn
I'm driving real hard, this is love, this is porn
God will forgive me but I whip myself with scorn
I wanna hear what you have to say about me and hear if you're gonna live without me
I wanna hear what you want
I remember december
And I wanna hear what you have to say about me and hear if you're gonna live without me
I wanna hear what you want, what the hell do you want?

quinta-feira, 14 de junho de 2007

Portas Abertas

em um tempo que diários já se tornaram antiquados
e não se tem ninguém para contar o que sente
a tecnologia nos traz um porto seguro.
esse é o começo.

tudo que um dia alguém lhe disse que é certo ou errado, esqueça.
quem essa pessoa que te disse isso pensa que é?
ninguém tem o direito de dizer o que é certo ou errado.
ninguém tem certeza do que se deve ou não fazer em uma ou outra situação.
nenhuma crença, religião, filosofia ou ceita vai lhe dizer também qual é o caminho certo a seguir.
feche os olhos e siga andando. e aonde você chegar vai ser o lugar certo, o lugar que teus instintos te fizeram chegar.



Song of the Moment: No Doubt - Don't Speak