terça-feira, 21 de abril de 2020

a lua cheia nunca fica bonita em fotos tiradas com o celular

foi ao procurar as fotos velhas e os nomes que já não lembro mais que encontrei o seu último cartão.
dia 07 de junho de 2013.
não foi o dia que nos encontramos. nos encontramos alguns dias depois. mas você já havia deixado o cartão pronto pois sabia que eu não aceitaria o primeiro convite. ou o segundo.
te ignorei uns dias. te abandonei uns dias. não te esqueci em nenhum.
das poucas vezes que nos encontramos durante os seis anos que nossas vidas coexistiram, numa profunda distância, nessa imensidão de intensidade, nós registrávamos.
em todas as fotos, em todos os anos, nos poucos momentos, somos pessoas diferentes.
registros incertos do que um dia nós nunca fomos.
pinturas tortas por olhos que não conseguiam acompanhar o movimento.
como algo muito, muito distante das lentes, as fotografias nunca ficaram nítidas na minha mente a ponto de eu entender o que é tudo isso.
mas ainda assim, estão lá, todas as fotos, todos os registros.
a carta que nem eu nem você escrevemos.
"cuide de você".
quem vai poder se cuidar depois desse turbilhão? o que voltou no momento que olhamos pra dentro?

por muitas vezes, me pergunto se minha vida parou no dia que eu entendi que você nunca me quis.
e aí, eu desisti de mim.
eu deixei de me querer também.

foi ao ter tempo de revisitar todas as fotografias que encontrei o cartão do último dia que nos vimos.
07 de junho de 2013.
um pouco antes, um pouco depois.
você ficou, você se foi.
eu fiquei.
eu me perdi.

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