domingo, 14 de junho de 2015

Reencontro

Reformulei a mesma pergunta, diversas vezes, com palavras diferentes, para talvez obter resultados diferentes no tarot. Reescrevi teu mapa astral, diversas vezes, desejando que ao menos a cidade que você nasceu estivesse errada, em outro lado do planeta, em outro hemisfério, para que o posicionamento dos teus astros me dissessem algo diferente do que me diziam.
Tentei focar em outras formas de arte, nas novas luzes da cidade, nas pinturas nas paredes. Observar os desenhos dos muros, as pichações nas avenidas, inclusive aquela que toca diretamente no mais profundo de mim, e que diz: "just breath". 
Passei a ler novos autores. Deixei de lado minha coleção de Kundera, e meus poemas de Bukowski, para tentar redescobrir Garcia Márquez, Vargas Llosa, e todos os autores latinos que nunca foram pauta de nossas conversas. Mas, mesmo quando o amor está em tempos de cólera, ele ainda é um cão dos diabos.
Não cantarolo mais as velhas canções. As letras em francês, apaguei de minha mente, e todas as cantoras primeiras damas que reinavam soberanas nas trilhas sonoras dos nossos dias frios, foram substituídas pelas canções reformuladas por jovens moças filhas de famílias já conhecidas do cancioneiro nacional. Prefiro admitir que meu mundo caiu, do que sair dizendo por aí que ainda te amo.
Passei a recuperar, então, as velhas peças do imenso quebra-cabeças que parei de construir no dia em que te conheci. As velhas peças de tudo que eu poderia ter sido, se não tivesse passado a viver para construir o seu. Esse seu emaranhado de peças que não tem par, que não tem junção, e que eu passei muito tempo tentando encaixar de alguma forma, estudando as formas, as curvas, as linhas, e as voltas que tudo deu para que, enfim, eu notasse que não havia encaixe perfeito num tabuleiro sem espaço para outra pessoa. Nesse jogo de um participante, não havia rolar de dados para dois.
Retomei, então, o que era meu, e não mais questionei às cartas e aos astros sobre o que poderia ter sido nós dois. Não haveria resposta, afinal, para algo que nunca existiu em sua plenitude. O que havia para mim, nunca houve, afinal. Que se desconstruam, então, as verdades incompletas, para que possa, enfim, haver a unidade individual que eu abandonei de mim.

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